quarta-feira, 7 de novembro de 2012


A natureza participa
Revelando seus cheiros,
Seus perfumes secretos
Encontrados no chão molhado,
Nas folhas, nas flores,
E na madeira das árvores,
Envolvendo tudo em mistérios,
A porteira, o sítio, os arredores,
Mais ainda a vida dos moradores.
A porteira não demarca nenhum limite,
mas é o portal entre dois mundos.
Um é aquele que acontece lá fora, 
meio perdido, cheio de pessoas procurando algo, 
o outro, é doce tempo parado, cercado de arames e estacas, 
onde reina uma tranqüilidade
que nos leva a sonhar.

Celso Antonio dos Santos.

quarta-feira, 11 de julho de 2012


E um exemplo de árvore para o nosso dia a dia? Gosto da seguinte narrativa do livro “A sombra dos Pinheirais” de Eurico Brandão Jr:

                                                 O carpinteiro terminou mais um dia de trabalho. Era final de semana, chamou um amigo para beber algo em sua casa.
              Ao chegarem, antes de entrarem na casa, o carpinteiro parou por alguns instantes, em silêncio, diante de uma árvore do seu jardim. Tocou seus ramos com ambas as mãos.
Imediatamente seu rosto mudou. Entrou em casa sorrindo, foi recebido pela mulher e pelos filhos, contou histórias e saiu para beber com o amigo na varanda.
               Dali via-se a árvore. Sem conseguir controlar sua curiosidade, o amigo perguntou por que o carpinteiro fizera aquilo?

- Ah, esta é a árvore dos meus problemas – respondeu ele. – sei que não posso evitar ter aborrecimentos no meu trabalho, mas estas preocupações são minhas, e não pertencem a minha esposa nem aos meus filhos.
‘Assim, quando chego aqui, penduro meus problemas nos ramos daquela árvore. No dia seguinte, antes de sair para o trabalho, eu os recolho de novo. ’
‘O mais curioso, porém, é que quando saio de manhã e vou procurá-los, alguns já não estão mais ali, e outros parecem bem menos pesados do que na noite anterior. 

sexta-feira, 15 de junho de 2012


O TELEFONE

O telefone
Interrompe
Aquilo que você está fazendo.
Alô!
É fulano?
Não!
Desculpe, foi engano.
O telefone
Interrompe
Rompe
O fio do pensamento.
A teia das ideias
Tem que ser tricotada
De novo
Com novos desenhos,
Novos sonhos.

sábado, 9 de junho de 2012

é pura beleza
um tapete de relva
verde e florido
colírio colorido
para os olhos
bálsamo cheiroso
para o corpo
e para Alma.
(sexta feira, 06/08/2004)
Celso Antonio dos Santos

sábado, 2 de junho de 2012


ALEPH

Primeira letra, primeiro desenho,
primórdio de tudo, desde minha intenção de escrever,
que frutifique que, as benção sejam grandes.
Permita agradecer antecipadamente: Obrigado!

Princípio, início de uma vastidão
que a nossa razão não consegue acompanhar.

Primeira porta, primeira iniciação,
primeiro dia e primeira noite,
de onde a sabedoria vem em gotas,
dia a dia,
e seu cálice por maior que seja
jamais transbordará.

Sabedoria que nasceu com o Cósmico
na noite da eternidade,
e sua busca só será perfeita
no silêncio da contemplação
do infinito dentro de nós.
Shalom!
(Jales, SP, XI/V/MMIV)

domingo, 27 de maio de 2012



            A vida é feita de surpresas. A vida que pulsa constantemente em tudo, nos convida a abrirmos nova porta quase todos os dias. Mas muitos estão acomodados e acostumados ao o ritmo de vida que levam, se esquivam quando um novo portal se apresenta que, pode ser uma nova oportunidade de crescimento na vida material ou espiritual.
            Sempre que algo novo se apresenta a tendência é o do recolhimento para dentro da nossa concha protetora. Essa fuga é conhecida e tem um nome: medo.
            Nada mais natural, o medo é uma arma de defesa, só não podemos a usar para se evadir das responsabilidades como humanos e místicos. O medo é um motor que nos leva a agir frente à situação, e não um monstro que deve ser aprisionado e controlado, ele é o regulador interno a um perigo externo.
            Max Lucado escreveu: ‘o medo nunca escreveu uma sinfonia ou um poema, negociou um tratado de paz nem curou uma doença. O medo nunca libertou uma família da pobreza nem um país da intolerância. O medo nunca salvou um casamento ou um negócio. A coragem o fez. A fé o fez. As pessoas que se recusaram a ouvir ou se curvar ao medo o fizeram. Mas, o medo propriamente dito, o que ele faz? O medo nos aprisiona e tranca as portas’.
            Contudo, o todo místico sabe que o medo é chave que abre a porta do conhecimento que o combate. Supera-se o medo acabando com a ignorância. O remédio é ler, estudar, saber, julgar, analisar e refletir. Estas são as formas para se acabar com o medo nas diversas situações adversas em que somos postos.
  
Celso Antonio dos Santos 

quarta-feira, 23 de maio de 2012



...é hora de me recolher,
começa lá fora mais uma partida,
sinto no ar o cheiro de paz
na jogada do eu só.
Enquanto há lá um distanciamento
de alguns por noventa minutos
das dores do viver,
encontro os meus dois tempos
de plena sintonia nos campos
que nascem da mudeza
dos encarcerados do jogo
que, nada diz com clareza
mais parece uma procura
da alegria ou uma ingrata tristeza,
de ganhar ou perder algo que não
é seu. Enquanto a bola rola
e não cura as feridas do coração
                                                    fico só comigo mesmo, então. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012




Saudade

Quando abri a porta do escritório
Sobre a mesa se iluminou
Uma gravura perdida junto às canetas
E uma montanha de papéis que voou,
Que me chamou atenção.
 E estava eu novamente perdido
Entre a porta do coração,
E a do escritório,
No ar podia sentir
Uma saudade indescritível.

Sobre a mesa iluminada
Repousava uma antiga foto
Esquecida, perdida
Quase sem cores, avermelhada
Cor do sangue, do sol,
Das esquisitices da vida
E do esquecimento total
Alienado do qual nada
Se espera só separa,
Uma foto de velhos amigos
E antigas memórias
Presentes no agora. 
Voltei, fechei a porta
Indo direto para a rua

Deixando para trás um tormento
Que assolou o meu mundo
Em um segundo
Naquele determinado momento.

Esse negócio de saudade
Dói e nos cobra, às vezes
De maneira absurda,
Sem nos dar direito a nenhuma defesa,
Age de maneira ilegal pela lei
Mas legal por ser coisa do coração
Porque somos relapsos nos compromissos
Negligentes por pura vontade
De querer esquecer.
E não tem como, a foto está lá.

(do livro Catavento - Celso Antonio dos Santos)

sábado, 21 de abril de 2012





ESCREVER

Eis que alguém vem e pergunta
E ao mesmo tempo exclama: Escrever?!

Puxa vida! Então, o quê fazer?

Sim, Cara amiga e caro amigo,
Escrever!


Posso com franqueza falar
Que quem não carrega essa sina
Maluca e alucinante de algo querer dizer
Não sabe a loucura que é viver.
Pois é! Eis o sonho de todos nós,
Os nossos sonhos - escrever!


Eis o que diz o grande poeta Ferreira Gullar: “Essa é uma aspiração certamente impossível de realizar, mas a poesia é, entre outras coisas, viver, com a ajuda da palavra, o impossível, já que aspirar apenas ao possível não tem graça.”

...

Não é verdade?
...

Timidamente e às vezes às escondidas
Nos pomos a escrever,
E lá vamos nós, com a caneta,
Numa caligrafia hesitante sobre a folha de papel,
Ou dedos nas teclas do computador
Puxamos palavras atadas a outras palavras
E começamos lentamente a tecer
Linha por linha nossas lavras.
Começamos a plantar a nossa árvore favorita,
Carregando-a com os frutos dos pensamentos
Que, tomam as cores, formas e formatos:
De uma crônica, uma novela, um romance ou poesia.
Expelimos o germe que nos corroia por dentro, em desassossego,
Que quando encontra uma luz, uma saída,
Simplesmente nasce forte e sadia,
A qualquer hora, qualquer tempo, lugar,
Em qualquer dia.
É o fruto e o filho do impossível,
Do acontecimento impensável,
Às vezes da criação musical inimaginável,
E da imprevisível necessidade de se fazer arte.
Então, quando terminado, como um pássaro liberto,
Lança-se aos ares. Livra-se dos becos
E faz do voo liberdade – é pura poesia,
Se faz livro e se faz: ‘Delitos Poéticos’.

Parabéns ao jovem escritor e amigo da vida e das letras André Gandolfo... Parabéns!

Celso Antonio dos Santos.
Jales, SP, 21 de abril de 2012.

quarta-feira, 18 de abril de 2012


                                                                                          (Urânia - SP)
SAUDADE...

Mestre Aurélio, por favor, pode definir o que é Saudade?

- Lembranças tristes e suaves de pessoas ou coisas que ficaram para trás, e, que gostaríamos de vê-las ou possuí-las de novo.

Era uma madrugada amena, tinha despertado e ido ao banheiro. De novo deitado procurava reconciliar o sono interrompido. Um apito agudo de trem se encarregou de me despertar de vez. Ao mesmo tempo em que, voltava à consciência comum, fui arrastado ao passado. O apito era do trem e trazia lembranças de tempos idos.

Nasci à beira de uma estrada de ferro, meu pai era ferroviário da Estrada de Ferro Araraquarense. Minha evolução de bebê a adulto, passando de criança a adolescente, transcorreu ao lado do leito da ferrovia, nunca morei, até hoje, a mais de trezentos metros dela.

O apito que ouvi, mais parecia um grito de agonia da velha ferrovia que parece aos poucos se acabar. Lembrei-me das viagens no trem de passageiros, era ele que movimentava a massa humana de um lugar para outro. Eram pessoas que atuavam em diversas histórias, de vários enredos, nas páginas e mais páginas da vida.

O trem transportava os sonhos, alegrias e tristezas, sempre deixando um rastro metálico de saudades nas paralelas dos trilhos que nunca se encontravam e que, ligavam destinos.

O apito do trem que ouvi, não mais transporta os passageiros saudosos e insones, mas cargas que vem do Centro-Oeste do Brasil que tem como destinos várias partes do Planeta. É o progresso, dizem.

Ainda hoje gosto de caminhar sobre os dormentes da linha férrea, porque dá um caminhar vacilante, pois não são de espaçamentos iguais, diversas vezes tenho que refazer o compasso do passo, acertando o andar, como nas situações da vida diária.

É preciso ver que a vida não pode ficar só na estação da saudade. Saudades são lembranças doces ou amargas que ficaram pelo caminho da estrada de ferro do tempo, que às vezes vamos visitar com o coração alegre, sentados numa poltrona da primeira classe.

(Crônica publicada em agosto de 2006 no ‘Informativo CN’ nº. 2, da cidade de Urânia SP)

segunda-feira, 26 de março de 2012



 VIVER BEM

A vida profissional de uma pessoa reflete nas suas vidas física, mental e social.

A maioria das pessoas não está contente com aquilo que faz, seja pelo salário ou pelo serviço. Esta parece ser uma norma geral beirando a verdadeira. Dificilmente encontramos uma pessoa que ame realmente sua profissão, exercendo-a com dedicação e sendo feliz. E todos nós sabemos que somente será produtivo, próspero e feliz aquele que trabalha com amor àquilo que executa.

Talvez uma solução para acabar momentaneamente o desconforto, seja a aplicação dentro da jornada exaustiva um período de merecido descanso, um intervalo de descontração ou uma fuga mesmo. Quando deve ser deixado de lado todo pensamento relativo ao que está se fazendo e tomar um rumo diametralmente oposto, se afastando, evitando um grande desgaste físico e mental pela constância. Uma quebra abrupta na rotina. Procedimento já adotado em algumas empresas, estabelecendo um pequeno repouso para que os funcionários recuperem as suas energias.

Para a fuga, uma antiga narrativa de Malba Taham serve para ilustrar um exemplo: basicamente todo filósofo é um pescador e todo pescador é um filósofo. Duas profissões distintas e opostas uma a outra. Aquele que é filósofo usa muito o cérebro, deve ir pescar para se descontrair, e todo pescador que usa muito o seu corpo físico no trabalho deve se sentar à beira do rio e meditar, filosofar, assim recuperando o equilíbrio existencial e harmonia na vida.

É a pura verdade. Diz um grande sábio: ‘quando me sinto fatigado de ler e ouvir os filósofos, de analisar, letra a letra, os ensinamentos dos Inspirados, as sentenças dos doutores, os hadis do Profeta, tomo de minha rede, dos meus apetrechos de pesca, e vou, com meu filho mais moço, até o rio fazer um pouco de pescaria. Procuro repouso, para o meu conturbado espírito, tornando-me um pescador. A pesca é, para mim, tranquilidade e paz. Esqueço, por momentos, os problemas torturantes da alma, as inquietações da dúvida....o pescador, absorto na sua faina, não sente passar o tristonho da vida...a vida mais vivida...não é a vida do filósofo é a vida do pescador.’

Assim fica explicado que todo filósofo é um pescador, mas como fica a situação inversa, o pescador é um filósofo? Um grande pescador responde: ‘Mas nada há, nem pode haver, de estranho no fato de um pescador ser filósofo. Muitas e muitas vezes, quando me sinto cansado de pescar, o corpo dolorido pela faina, largo a minha pesada rede, as minhas linhas, a caixa com iscas, e vou até à Mesquita Otman ouvir as lições dos ulemás que ensinam filosofia e debatem os graves problemas do Ser e do Não-Ser. Procuro repousar para a fadiga do meu corpo, tornando-me um filósofo. A filosofia é para mim, tranquilidade e paz. Esqueço, por um momento, os problemas e tropeços de minha vida de pobre, e ponho-me a filosofar. ’ A vida se torna agradável nestes momentos não a sentindo passar, completa ele, ‘a vida mais bem vivida, mas sentida, é a meu ver, não a vida serena do pescador, mas a vida intensa do filósofo’.

Ambos os personagens procuram a forma de viver do outro para encontrar descanso, lazer, fugindo das dificuldades encontradas em suas profissões. É uma pausa que reabastece e revigora o corpo e a mente cansados. Vivem assim a vida por inteiro, trabalhando, comungando e apreciando o que ela revela de belo da Criação e que sacia a fome de viver de maneira inteligente e em paz.

 ‘A vida mais bem vivida terá aquele que viver na Paz, no Dever e no Amor, isto é, aquele que viver na Verdade de Deus!’ (Malba Thahan).

(Publicado no jornal 'Tá na Mão' de Fernandópolis, SP, edição de 24 de março de 2012)

segunda-feira, 19 de março de 2012


ASSIM COMEÇA A TOLERÂNCIA

Primeiro educadamente ouça com atenção, depois pense e pense e só então fale.

Às vezes o diálogo pode ficar comprometido se a outra pessoa é refratária. Isto é, ao invés de absorver as palavras ouvidas e perceber seus significados, ela simplesmente as ignora, não as aceita, podendo até fazer pesadas críticas.

Quando uma pessoa fala mal de determinado assunto, pessoa ou coisa, ela pode estar fazendo-o por pura ignorância. Ignorância que vem do fato de jamais ter procurado saber qualquer coisa a respeito daquilo que critica ou condena com veemência. É necessário conhecer e saber e até viver o outro lado primeiro, para poder eliminar o ponto negro de sua ignorância. Só podemos conversar de igual para igual quando tivermos bastante conhecimento e certeza daquilo sobre o qual iremos falar. Não basta um conhecimento superficial, pois isso é muito relativo demais, onde se defenderá o seu lado menosprezando o outro por mero capricho ou prazer desumano.

Por manterem essa atitude um tanto dogmática, fundamentalista e fechada, criam um clima desagradável e asfixiante. A não aceitação de qualquer outro ponto de vista além do seu torna a discussão estéril ou conversa unilateral e ditatorial.

A liberdade é sonho de todo ser humano. Ser livre é como poder voar, flutuar por se sentir entre iguais e nada impedindo sua felicidade. Ajuda e é ajudado, socorre e é socorrido. Não se prende a conceitos a menos que estes sejam para fomentar a sua alegria, sua paz e seu amor e os dos seus irmãos. Assim é uma pessoa do livre pensar e agir.

Uma pessoa livre e de mente aberta compreende e respeita as opiniões alheias e ainda faz uma reflexão sobre o que elas dizem, melhorando-as se possível com novas boas ideias; será ela chamada de sábia e mestre. É importante e de direito que as pessoas tenham oportunidades para se expressarem livremente, sem nenhum medo as sufocarem. E o farão de maneira honesta, sem caírem no ridículo ou de exercerem qualquer abuso. Para que o equilíbrio se dê numa conversa, temos que meditar e aplicar o que diz a frase: “De vez em quando reprimimos os outros, enquanto ao mesmo tempo lutamos contra nossa própria repressão’, um sábio rosacruz.

Para que haja uma convivência pacífica entre os seres humanos, SS Dalai Lama assim se expressa: “Compreendo que o significado de ‘uma boa pessoa aberta’ seja igual ao de uma ‘porta aberta’: pode ser aberta facilmente, sem problemas. ‘Livre’ quer dizer o mesmo. Uma pessoa livre e aberta, quanto mais absorve novas ideias, mais se entusiasma em passar adiante novas energias. Dessa forma, as pessoas se ajudam mutuamente, o que é muito útil e bastante necessário, especialmente nos dias de hoje”.

Só assim então poderemos começar a sonhar com uma verdadeira fraternidade planetária. Só assim acabariam os conflitos ideológicos de supremacia de uns sobre outros. É utópico, mas é o caminho justo.

Quando conversar com alguém que tenha pensamentos diferentes dos seus, escute-o atentamente e tenha em mente sempre que, está vendo à sua frente um ser que carrega dentro de si a mesma divindade que você carrega. Os pacíficos compreendem a expressão: Nemastê, e quando cumprimentam a dizem a todos indistintamente; seu significado: ‘o Deus que habita em mim, saúda o Deus que habita em você’.

Agindo igualmente assim estaremos também colaborando para o fortalecimento de uma fraternidade mundial baseada na Paz, amando e respeitando verdadeiramente o seu próximo.

(publiquei no jornal "Tá na Mão" de Fernandópolis, SP, edição de 17 de março de 2012)

sábado, 10 de março de 2012


 MUDANÇAS

Quando alguém te pedir: ‘quero que você exploda!’, o que você fará? Qual a sua reação emocional? E qual o sentido figurado e o quê pensar da ordem dada?

É fato que o milho pipoca quando submetido a uma imensa pressão e calor do óleo quente, explode. E magnificamente revela aos nossos olhos a sua beleza, uma alvura muito grande, imanente, adormecida dentro da pequena semente. Transforma e revela-se útil.

Transportada essa situação para o ser humano submetido a uma determinada situação opressiva, belicosa, estressante, teríamos a capacidade de nos tornar ou mostrar aquilo que temos de verdadeiro e bom dentro de nós que, chamamos de o verdadeiro Amor? Apesar de tudo reagiríamos de maneira pacífica e tolerante ou inversamente?

Toda mudança que aconteceu no plano físico/material conduziu a humanidade à evolução, houve um progresso, elevando-a para os estágios superiores na escala evolutiva. Sem as mudanças que aconteceram propiciando um desenvolvimento material, o ser humano ainda estaria vivendo as mesmas condições dos séculos anteriores, pois nada se criara de benéfico. Se temos e gozamos de certas regalias e comodidades hoje, é devido às mentes brilhantes que buscaram mudanças, movidos pela necessidade criativa de melhoraria da vida, tornando-a mais confortável, segura e até mesmo mais prazerosa.

Pela quantidade dos objetos que nos cercam, temos a dimensão e o grau da evolução material atingida. E, favorecidos pelo alto grau de desenvolvimento alcançado, hoje a cada segundo, estamos dando passos cada vez mais largos dentro da escala evolutiva. Mas, e quando a nós, os beneficiados com tantas maravilhas, pessoalmente estamos preocupados com a nossa evolução pessoal interior, íntima e divina?

Esse desenvolvimento, essa mudança é estritamente pessoal. Somos os criadores dela e temos as ferramentas e os materiais necessários para o trabalho artesanal da modelagem da nossa parte espiritual. Seria a nossa esperada explosão a qual revelaria o nosso lado mais belo, puro e verdadeiro.

O mundo material extremamente evoluído é e será sempre o suporte para a nossa evolução espiritual, afinal é nele que moramos e vivemos. É nele que devemos fazer desabrochar aquilo que verdadeiramente temos aninhado, dormindo dentro de nós: a nossa Essência Divina. Quando tomamos consciência disso, mesmo nesse mundo agitado demais, e mergulhamos ‘em nosso silencioso universo interior’ começamos a comungar e a resgatar o cálice sagrado, o nosso Graal, “porque o Reino de Deus está dentro de vós”.

O conhecimento esotérico, místico é farto, o encontramos nos livros e na natureza, e dele devemos procurar saber o máximo possível, nos apropriar da sua sabedoria e praticá-la, pois ele é a Luz da Senda, o Caminho, e a Chave dos portais dos mundos físico e espiritual, enfim da Maestria.

É ensinado em todas as Tradições que, o desenvolvimento do ser só se dará na exteriorização das nobres virtudes, as quais transformarão a matéria bruta que somos em algo refinado, alinhando a sua beleza interior, divina, com a beleza exterior que é o reflexo da Luz da Criação em tudo e todos.

Quando você tiver que explodir, exploda. Contudo, exploda sabiamente de maneira a revelar educadamente a nobreza da sua atitude, em palavras e atos que o conduza rumo à Perfeição e que sirva de exemplo aos outros. Não se deixe levar pelo lado belicoso e terrível, mas sim pelo pacifismo do guerreiro, que ajuda, respeita e ama o seu semelhante, pois o compreende e o perdoa. Quando explodir revele o seu lado bom!
(artigo publicado no jornal "Tá na mão" Fernandópolis, SP, edição do dia 03 de março de 2012)

sexta-feira, 2 de março de 2012


ANJOS 
                  Segundo os cabalistas, os anjos se apresentam na nossa atualidade em virtude daquilo que praticamos, estão intimamente ligados aos nossos pensamentos, palavras e ações. Da mesma maneira como os criamos, poderemos afastá-los. Assim temos anjos positivos originados das nossas ações boas, justas, altruísticas que, nos ajudam trabalhando para o nosso bem. Enquanto, os anjos negativos criados pelas nossas emoções negativas que, só vêm para obstaculizar a nossa caminhada, são nossas pedras na evolução da vida espiritual e terrena.

Os Anjos Escuros, os Anjos Claros e os Anjos Cinzentos  
(um Conto Cabalista que reconto)

                     Josef era um negociante que estava com problemas em todas as áreas de sua vida, estava indo a falência, seu filho queria ser músico e sofria com uma terrível e dolorosa gota que parecia não ter cura. Não conseguia entender sua situação, decidiu ouvir a opinião de um grande sábio cabalista Rabi Shalom Sharabi de uma cidade vizinha.

Na viagem em uma carruagem desconfortável sentiu mais dores e frio não conseguindo dormir. Mas, tinha certeza que o velho estudioso era o único que o poderia ajudar. Rabi Sharabi conseguia ver através ‘dos acontecimentos do mundo diário e distinguir os sentidos ocultos que existiam por trás deles’.

Chegando à cidade vizinha Josef se encaminhou sem demora para a casa de Rabi. Foi saudado pela esposa do rabino que o instalou na sala de visitas. Deveria esperar um pouco, o rabino viria em breve, deu-lhe para aquecer uma xícara de chá, acomodando-o numa macia poltrona.

A poltrona acolchoada e o calorzinho do chá o levaram a um profundo sono. E sonhou.

Em seu sonho caminhava por uma estrada para alguma cidade. Durante o trajeto passaram por ele diversas carroças e carruagens fechadas em direção à cidade.
Não conseguiu ver os viajantes. Elas tinham cartazes pendurados que diziam “falar mal”, “roubar no jogo de cartas”, “negócios duvidosos”, “distorcer a verdade” deixando-o intrigado, segui-os até a cidade.

Os veículos estacionaram na praça central junto a outros que ali estavam. Havia no centro da praça uma enorme balança. Para Josef tudo pareceu meio estranho e sua surpresa aumentou quando das carruagens desceram uma multidão de Anjos Escuros e se encaminharam para um dos pratos da balança.

Neste momento Josef lembrou que os Anjos Escuros eram formados ‘cada vez que alguém agia de maneira negativa’. Seu susto aumentou quando percebeu que fora ele o criador destes pelos seus atos negativos, não uma só vez mais repetidas vezes.

Ali acontecia o seu julgamento.

Alguma coisa boa eu fiz, pensou, mas só vejo Anjos Escuros. Seguindo este pensamento viu aproximarem outras carruagens da praça, com outros cartazes “alimentar os pobres”, “sinceridade”, “compartilhar com os amigos”, também reconheceu como atos seus. E Anjos Claros desceram e caminharam para o prato oposto da balança. Começou-se a compensar a presença negativa, mas não foram suficientes para o equilíbrio. E ‘ele sabia que seu destino estava literalmente dependendo da balança’.

De repente, outras carroças chegaram à praça. Os cartazes diziam “dores de dentes”, “corações partidos”, “tristeza”, “luto” e “gota”. Os passageiros eram os Anjos Cinzentos, que não subiram na balança, mas cada um começou a puxar um Anjo Escuro para fora dela. O lado positivo da balança cresceu quase igualando com o peso do lado negativo. Josef notou que não haveria Anjos Cinzentos suficientes para neutralizar todos os Anjos Escuros.

Desesperado olhou para os céus e gritou: “Por favor! Mande-me mais dor e sofrimento”.

Exatamente neste instante a esposa do Rabi Sharabi o acordou, pois o rabino poderia atendê-lo. Josef humildemente agradeceu dizendo não ser mais necessário a consulta, pois já se sentia bem melhor.

E voltou para a sua cidade, suas dores da gota, para seu filho e seu negócio que estava cada dia pior.

Compreendeu que ‘o destino do indivíduo é modelado pela soma dos atos bons e maus que exerceu nesta vida e nas precedentes. Como fios invisíveis que tecessem o destino, as boas ações são propícias à realização espiritual, enquanto as más são obstáculos’-Javier Moro (As montanhas de Buda).

E como nos ensinam os Mestres ‘é no nosso próprio âmago que se situa a fonte do nosso bem-estar’ Serge Toussaint, estudante rosacruz, e onde também erradamente podemos pelo livre-arbítrio tomar um rumo totalmente contrário.

(publiquei no jornal "Tá na Mão" em meados de julho de 2011)


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012


Ciclos da vida 


A flor afortunada
Com o vento úmido
Agradece e desabrocha.


A flor em quietude
E com a palpitação da terra
Recolhe-se e se fecunda.

A flor em serenidade
Entrega-se totalmente

Ao fruto que gera.

O fruto que nasce
Agradece a flor
A graça de se transformar.                                                                                        

E o fruto se prepara
Silenciosamente o dia
Que gerará outras flores.

(do livro "Cataventos" - Celso Antonio dos Santos)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O BOM HUMOR

Isaac entra no bar e pergunta:
-Quanto custa o cafezinho?
-Dois reais – responde a balconista.
-E o açúcar?
-O açúcar é de graça.
-Então me vê dois quilos.
(do livro ‘As melhores piadas do Humor Judaico’ de Abram Zylberstajn)

Dráuzio Varella recomenda a todos: ‘o bom humor nos salva da mão do doutor’.

Com bom humor transmutaremos os nossos medos, ansiedades, tristezas etc, ou seja, é com humor que faremos a alquimia transcendental transformando as nossas emoções negativas que fatalmente podem levar a conflitos internos ou externos. Mas o humor deve ser sempre positivo e construtivo, sem cinismo ou ironia.

O aqui e agora só é vivido bem quando sentimos na pele o frescor do humor, a ‘expressão da inteligência do coração’, nos ajudando a aceitar e a desfrutar o momento presente. Tal estado de ‘espírito’ ajuda a enfrentar e traz soluções agradáveis às situações difíceis.

O cérebro humano é um buscador de encrencas, sarnas para se coçar: problemas para solucionar, como uma palavra cruzada, ou atividade intensa que o leve ao raciocínio na busca de soluções dos problemas diários pessoais ou profissionais. Entretanto, necessita de um momento de lazer para se refazer, refazendo a saúde física e psíquica do corpo.

E o riso, segundo a Neurociência, é um dos maiores prazeres que o cérebro pode ter. É uma fonte terapêutica atualmente, de tempos e pessoas carrancudos demais.

‘Filho, coloque-se diante do espelho e ria, ria até que esteja de fato rindo’, um ditado judaico. Quando rimos de nós mesmos ou nos divertimos com outras pessoas, promovemos uma situação altamente positiva. Estudos comprovam que o riso reforça o sistema das defesas imunológicas; estimula o corpo a produzir as endorfinas que atuam contra a dor. É um excelente antiestressante e tem um fator de cura que deve ser considerado. Vemos hoje em diversos hospitais, médicos e leigos que se aplicam para levar o humor até os seus pacientes, com bons resultados.

‘De fato, rir é essencial e saber rir de si mesmo, ou do absurdo de uma situação, é muito importante para transcender as dificuldades. A risada nos faz vibrar no diapasão da Alegria Universal’ (um sábio rosacruz). E Deus é amoroso, assim o verdadeiro humor não pode ser dissociado do amor, principalmente por ser sua finalidade mais profunda o de reconfortar, despertar, aclarar e iluminar.

Uma pessoa altamente espiritualizada, um santo, tem que ser séria o tempo todo?

A Tradição mística mostra diversos exemplos da sadia relação entre espiritualidade e humor. A Tradição cristã afirma que ‘um santo triste e um triste santo’, Santa Tereza D’Avila perguntada sobre a levitação, respondeu que ela não é nada prática na hora de cozinhar. Histórias Zens, Sufis, judaicas etc são carregadas de humor.

O humor sadio é um instrumento de superação que utilizamos a serviço de nossa luta espiritual, como uma virtude.

Diz a sabedoria judia com certo humor: devemos ser humildes, pois não foi por acaso que Deus fez o homem por último na Criação, posterior ao mosquito e outros insetos.

E somos convidados a plantar no nosso jardim secreto as flores que desabrocharão com o sol do humor e da alegria e oferecê-las aos nossos amigos do coração. A alegria e o humor juntos fazem parte de nossa evolução terrena e espiritual.

(o referido artigo publiquei nas páginas do jornal "Tá na Mão" de Fernandópolis, SP, em 04/02/2012)