segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012


Ciclos da vida 


A flor afortunada
Com o vento úmido
Agradece e desabrocha.


A flor em quietude
E com a palpitação da terra
Recolhe-se e se fecunda.

A flor em serenidade
Entrega-se totalmente

Ao fruto que gera.

O fruto que nasce
Agradece a flor
A graça de se transformar.                                                                                        

E o fruto se prepara
Silenciosamente o dia
Que gerará outras flores.

(do livro "Cataventos" - Celso Antonio dos Santos)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O BOM HUMOR

Isaac entra no bar e pergunta:
-Quanto custa o cafezinho?
-Dois reais – responde a balconista.
-E o açúcar?
-O açúcar é de graça.
-Então me vê dois quilos.
(do livro ‘As melhores piadas do Humor Judaico’ de Abram Zylberstajn)

Dráuzio Varella recomenda a todos: ‘o bom humor nos salva da mão do doutor’.

Com bom humor transmutaremos os nossos medos, ansiedades, tristezas etc, ou seja, é com humor que faremos a alquimia transcendental transformando as nossas emoções negativas que fatalmente podem levar a conflitos internos ou externos. Mas o humor deve ser sempre positivo e construtivo, sem cinismo ou ironia.

O aqui e agora só é vivido bem quando sentimos na pele o frescor do humor, a ‘expressão da inteligência do coração’, nos ajudando a aceitar e a desfrutar o momento presente. Tal estado de ‘espírito’ ajuda a enfrentar e traz soluções agradáveis às situações difíceis.

O cérebro humano é um buscador de encrencas, sarnas para se coçar: problemas para solucionar, como uma palavra cruzada, ou atividade intensa que o leve ao raciocínio na busca de soluções dos problemas diários pessoais ou profissionais. Entretanto, necessita de um momento de lazer para se refazer, refazendo a saúde física e psíquica do corpo.

E o riso, segundo a Neurociência, é um dos maiores prazeres que o cérebro pode ter. É uma fonte terapêutica atualmente, de tempos e pessoas carrancudos demais.

‘Filho, coloque-se diante do espelho e ria, ria até que esteja de fato rindo’, um ditado judaico. Quando rimos de nós mesmos ou nos divertimos com outras pessoas, promovemos uma situação altamente positiva. Estudos comprovam que o riso reforça o sistema das defesas imunológicas; estimula o corpo a produzir as endorfinas que atuam contra a dor. É um excelente antiestressante e tem um fator de cura que deve ser considerado. Vemos hoje em diversos hospitais, médicos e leigos que se aplicam para levar o humor até os seus pacientes, com bons resultados.

‘De fato, rir é essencial e saber rir de si mesmo, ou do absurdo de uma situação, é muito importante para transcender as dificuldades. A risada nos faz vibrar no diapasão da Alegria Universal’ (um sábio rosacruz). E Deus é amoroso, assim o verdadeiro humor não pode ser dissociado do amor, principalmente por ser sua finalidade mais profunda o de reconfortar, despertar, aclarar e iluminar.

Uma pessoa altamente espiritualizada, um santo, tem que ser séria o tempo todo?

A Tradição mística mostra diversos exemplos da sadia relação entre espiritualidade e humor. A Tradição cristã afirma que ‘um santo triste e um triste santo’, Santa Tereza D’Avila perguntada sobre a levitação, respondeu que ela não é nada prática na hora de cozinhar. Histórias Zens, Sufis, judaicas etc são carregadas de humor.

O humor sadio é um instrumento de superação que utilizamos a serviço de nossa luta espiritual, como uma virtude.

Diz a sabedoria judia com certo humor: devemos ser humildes, pois não foi por acaso que Deus fez o homem por último na Criação, posterior ao mosquito e outros insetos.

E somos convidados a plantar no nosso jardim secreto as flores que desabrocharão com o sol do humor e da alegria e oferecê-las aos nossos amigos do coração. A alegria e o humor juntos fazem parte de nossa evolução terrena e espiritual.

(o referido artigo publiquei nas páginas do jornal "Tá na Mão" de Fernandópolis, SP, em 04/02/2012)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


AMANHECE


V

 Amanhece devagar.
Lá longe, além da janela,
Além do jardim
Um ponto que a visão alcança,

Embaçado está o barco que descansa,
Velas arriadas, acomodadas,
Repousa as velhas madeiras
Sobre as ondas
Mansas que o embala.

Parece dormir e sonhar com seus mares,
Com outros mares desconhecidos,
Outros mares, outras gentes.

Esses mares serão
E conterão a mesma água
Salgada e cristalina, viva,
Refletirá como um diamante
A luz do sol que se levanta,
Refletirá o sorriso,
A ternura,
A meiguice
A paz
De você
Que amanhece
Ao meu lado
Dentro do barco.

(do livro 'AMANHECER')