quinta-feira, 28 de abril de 2011

A nossa Criança Interior



                                  A NOSSA CRIANÇA INTERIOR

Existem em nós duas crianças interiores: a criança indivíduo e a criança divina.

Uma é criança da presença divina, Alma na matéria. A outra é a da nossa infância. Distintas mas se completam, devendo viver unidas constantemente.

A criança indivíduo é aquela das nossas lembranças dos fatos e acontecimentos infantis, as primeiras vivências e experiências. O molde do futuro adulto que refletirá na personalidade aquilo que aprendeu e experimentou.

Uma é a criança das nossas recordações a outra é a criança eterna e divina, um estado latente de pureza. “Em todo adulto espreita uma criança – uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo, e que solicita atenção e educação incessantes.” Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço. Sim, a criança a espreita sintetiza o EGO, nossa Personalidade Alma, que necessita de cuidados e instruções constantes e adequadas para se desenvolver tanto material quanto espiritualmente. No contexto mais profundo e místico da frase está a ideia da existência da criança interior divina e eterna, ligada à Roda da Vida, obedecendo a Lei da Reencarnação e a Lei do Carma, que deve nascer muitas vezes ou quantas forem necessárias para que possa cumprir os decretos da Evolução Espiritual do Ser, aprendendo e se purificando até que alcance a Perfeição Espiritual completando os seus ciclos de reencarnações.

Ela é a portadora da cura para a ‘criança a real’ de todos os seus males, sofrimentos e angústias. Uma das atribuições mais sagradas que temos é a arte de curar e educar a criança indivíduo através da nossa criança divina, ela é a mão invisível que nos auxilia e ajuda na caminhada da Senda. Consciência e compreensão da sua existência abrem um portal, uma maneira amorosa de pensarmos sobre as vicissitudes da vida e na busca das soluções. Ensinando que podemos modificar nosso comportamento e maneira de pensar, nos dando as ferramentas para trabalharmos uma vida melhor para nós, nossos filhos e a humanidade.

Esse despertar da consciência permite que façamos aquilo que nos foi decretado divinamente que é a busca constante da nossa Evolução Espiritual na Terra. Ou seja, a transmutação da nossa personalidade alma – Ego – matéria impura e imperfeita, procurando igualar a sua Luz com a Luz que vem da Alma, a ILUMINAÇÃO que aspiramos. As duas crianças enfim estariam unidas novamente.

Um sábio cabalista disse que “a vida é mais do que comer e beber; é uma época específica no itinerário da progressão do espírito que desce dos mundos superiores, passando pela materialidade e retornando outra vez”. A criança não valoriza as coisas como o adulto, existe desapego. O mundo infantil é o da bondade, da humildade, do carinho, da solidariedade e fraternidade. Relaciona-se instantaneamente com outra, não existindo entre elas quaisquer diferenças. Eis o exemplo que todo adulto deve seguir. Agindo assim estará construindo a estrada que o levará com alegria e contentamento pelo mundo terreno, mundo do exílio, de volta a sua origem celestial.

Nascemos 100% criança divina despertando para o mundo. O recém-nascido emana energia e aura de um anjo, há pureza em seu semblante que cativa, o exemplo clássico encontramos na Luz irradiada pelo Menino Jesus. À medida que crescemos o mundo que nos rodeia, começa a alimentar cada vez mais a criança interior da personalidade que cresce ofuscando e levando ao esquecimento quase completo da criança divina, mas a centelha continua a luzir dentro em nós, a centelha do poder criador e motivador. Todo adulto é envolvido pelo mundo mundano que o chama, o atrai de diversas formas para vivê-lo, tornando um ser absorvido pelos valores e realidades massificadas.

Criança simplesmente criança estabelece uma profunda relação com a natureza e os seres vivos; vê coisas invisíveis, conversa e têm amigos que os adultos não enxergam. O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint Exupéry ensina que “só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Toda criança carrega em si muito da energia original da Fonte, que deu origem a tudo, aquela que os místicos buscam reencontrar e a ela se religar.

 “Os adultos são burros, as crianças são inteligentes. Julgo às vezes que somos acompanhados na infância por um espírito de guarda, que nos empresta a própria inteligência astral e que depois nos abandona ao nosso destino”. Contudo, “a inteligência astral não nos abandona em decorrência de uma lei mais alta. Ela nos abandona por ser incompatível com a adultice. A inteligência adulta é grave. Faz afundar. A inteligência infantil é leve e faz levitar”. – Fernando Pessoa.

O olhar da criança é alegre e inocente, pois sabe o caminho de volta para a morada da Verdade, caminho que os adultos em sua grande maioria negligenciaram e esqueceram. Os adultos ensinam aquilo que nos fará existir materialmente, são técnicas de sobrevivência e de dominação do nosso semelhante e da natureza que nos sustenta, embrutecendo a criança que existe em nós e enterrando profundamente a criança divina. A vida social das crianças nos ensina a viver com maestria, a harmonia do encontro com o outro, conosco e com a criança interna, sem quaisquer resquícios de intolerância ou sentimentos negativos.

Nossa meta é resgatar e voltar a ser criança novamente. Trilhar o caminho da busca é começar a acordar para a Vida. Através da MEDITAÇÃO a tocaremos, criando e nos beneficiando com as vibrações de energias curativas, criativas. Nos momentos em que estamos mergulhados em tristeza, sofrimento, sensação de perda ou de grande pressão interna, encontraremos nela uma fonte de alívio, reparadora e instrutora. A recompensa será grande. É o começo da jornada mística rumo à Casa do Pai, a volta do Filho Pródigo.








domingo, 24 de abril de 2011

Agradecer à Vida

"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher." (Cora Coralina)


Fomos agraciados com uma dádiva: a vida. Ela preenche o espaço temporal terreno entre o nascimento e a nossa transição. A nossa consciência faz com que a percebamos e dela nos tornamos seus observadores.

Mas, para sentir sua existência em meio ao caos que é nosso mundo, é preciso parar. Mesmo neste conturbado planeta onde parece valer os pensamentos de destruição pela ganância de se possuir os bens terrenos, que levam seres humanos à guerra e a se digladiarem como feras, existe a dádiva da vida e a nossa consciência dela.

O precioso presente jamais poderá ser criado pela inteligência humana. Nos dizeres do Dr. H. Spencer Lewis, FRC, a vida é uma coisa fantástica que “não pode ser comprada, não pode ser artificialmente fabricada, não pode ser decretada por nenhum ato governamental, não pode ser legislada e nem suprida humanamente”. É claro que o homem utilizando as ciências, a medicina e outros conhecimentos modernos têm em muito ajudado o ser físico, aumentando a longevidade, curando e erradicando doenças, melhorado os alimentos e o conforto para um bem estar que nos tornam temporariamente felizes.

Todo este desenvolvimento se deve exclusivamente à vida, primeiro requisito fundamental da nossa existência. Completa Spencer Lewis: “sem vida não há necessidade de saúde; sem vida não necessidade de felicidade e paz; sem vida não há necessidade de quaisquer das coisas que o homem criou ou que os impérios organizaram ou que o homem possa imaginar”, esse é um dom que nos foi doado abundantemente pelo Deus do nosso coração, Pai de todos nós, independente dos nossos credos e posições sociais, ela é algo que não pedimos no começo e da qual não temos controle para o seu final.

A Vida supera em valores quaisquer coisas ou bens materiais. Ouvimos narrativas de pessoas perto do momento em que a vida se esvai, dizerem que tudo que possuem nada vale perante a preciosidade da Vida que lhe foi dada e que se esvai. Sua Santidade, o Dalai Lama quando perguntado qual é o animal mais estranho sobre a face da Terra, respondeu: o homem. Ele luta a vida inteira para acumular posses e bens perdendo a saúde e depois gasta toda a sua fortuna tentando curar-se das doenças que o afligem.

A Vida transcorre entre dois grandes mistérios da natureza, dois eventos magníficos: o nascimento e a transição do corpo terreno. Um período em que o ser humano vive no mundo das ilusões, se excita, se fascina dedicando todos os seus pensamentos e energias na conquista e aquisição de bens de valores menores, chegando mesmo a sacrificar sua própria vida.

 Um místico quando pensa na Vida não pensa somente na vida existencial do homem. A vida para ele engloba todos os demais seres vivos: animais, plantas e o próprio planeta que habita ‘Gaia, a Mãe Terra’. A vida neles também é uma dádiva divina, um presente e que raramente alguém se lembra de apreciar as suas belezas, tendo os cuidados necessários na sua manutenção e dando a devida gratidão.

São abundantes os frutos advindos da Vida. Imagine uma plantação de um cereal qualquer, a vida está presente na planta, nas flores, nos frutos e nas sementes que gerarão novas plantas. Devemos a todo instante sermos gratos à dádiva da vida e por tudo que vive, não devemos ser gratos só num dia do ano e num lugar determinados. “Vamos expressá-lo de modo menos ritualístico, de forma menos cerimonial, mas com verdadeira sinceridade em nosso coração e de uma maneira que transmita aos outros uma nota de alegria, uma nota de gratidão”.

Além da maneira silenciosa de agradecimento, podemos enaltecer um grande sentimento pela Vida quando transmitimos alegria através de um sorriso, quando somos gentis mostrando que a nossa felicidade e desejando que todos também sejam felizes graças e com a vida; ajudar alguém a solucionar uma questão ou um problema que o aflige demonstra-se gratidão pela nossa Vida e pela Vida do nosso semelhante; levar uma palavra de carinho, de conforto que transforme a outra pessoa nos dá um entendimento melhor da Vida.

A demonstração de agradecimento pela Vida que mais toca a pessoa é quando sente que este amor pela Vida vem do seu coração e o expressa em voz numa prece ao Deus e Pai de toda a criação.

Se cada habitante do nosso planeta fizesse esses momentos de agradecimentos à Vida diariamente, não haveria mais motivos para as guerras, deixaríamos de destruir nossos irmãos e a natureza que nos sustenta, reinaria um clima de felicidade, abundância e prosperidade. Reinaria finalmente a PAZ na Terra. Individualmente podemos começar hoje.