ANJOS
Segundo os cabalistas, os anjos se apresentam na nossa
atualidade em virtude daquilo que praticamos, estão intimamente ligados aos
nossos pensamentos, palavras e ações. Da mesma maneira como os criamos,
poderemos afastá-los. Assim temos anjos positivos originados das nossas ações
boas, justas, altruísticas que, nos ajudam trabalhando para o nosso bem.
Enquanto, os anjos negativos criados pelas nossas emoções negativas que, só vêm
para obstaculizar a nossa caminhada, são nossas pedras na evolução da vida espiritual
e terrena.
Os Anjos Escuros, os
Anjos Claros e os Anjos Cinzentos
(um Conto Cabalista que reconto)
Josef era um negociante que estava com problemas em todas as
áreas de sua vida, estava indo a falência, seu filho queria ser músico e sofria
com uma terrível e dolorosa gota que parecia não ter cura. Não conseguia
entender sua situação, decidiu ouvir a opinião de um grande sábio cabalista
Rabi Shalom Sharabi de uma cidade vizinha.
Na viagem em uma carruagem desconfortável sentiu mais dores
e frio não conseguindo dormir. Mas, tinha certeza que o velho estudioso era o
único que o poderia ajudar. Rabi Sharabi conseguia ver através ‘dos
acontecimentos do mundo diário e distinguir os sentidos ocultos que existiam
por trás deles’.
Chegando à cidade vizinha Josef se encaminhou sem demora
para a casa de Rabi. Foi saudado pela esposa do rabino que o instalou na sala
de visitas. Deveria esperar um pouco, o rabino viria em breve, deu-lhe para
aquecer uma xícara de chá, acomodando-o numa macia poltrona.
A poltrona acolchoada e o calorzinho do chá o levaram a um
profundo sono. E sonhou.
Em seu sonho caminhava por uma estrada para alguma cidade.
Durante o trajeto passaram por ele diversas carroças e carruagens fechadas em
direção à cidade.
Não conseguiu ver os viajantes. Elas tinham cartazes
pendurados que diziam “falar mal”, “roubar no jogo de cartas”, “negócios
duvidosos”, “distorcer a verdade” deixando-o intrigado, segui-os até a cidade.
Os veículos estacionaram na praça central junto a outros que
ali estavam. Havia no centro da praça uma enorme balança. Para Josef tudo
pareceu meio estranho e sua surpresa aumentou quando das carruagens desceram
uma multidão de Anjos Escuros e se encaminharam para um dos pratos da balança.
Neste momento Josef lembrou que os Anjos Escuros eram
formados ‘cada vez que alguém agia de maneira negativa’. Seu susto aumentou
quando percebeu que fora ele o criador destes pelos seus atos negativos, não
uma só vez mais repetidas vezes.
Ali acontecia o seu julgamento.
Alguma coisa boa eu fiz, pensou, mas só vejo Anjos Escuros.
Seguindo este pensamento viu aproximarem outras carruagens da praça, com outros
cartazes “alimentar os pobres”, “sinceridade”, “compartilhar com os amigos”,
também reconheceu como atos seus. E Anjos Claros desceram e caminharam para o
prato oposto da balança. Começou-se a compensar a presença negativa, mas não
foram suficientes para o equilíbrio. E ‘ele sabia que seu destino estava
literalmente dependendo da balança’.
De repente, outras carroças chegaram à praça. Os cartazes
diziam “dores de dentes”, “corações partidos”, “tristeza”, “luto” e “gota”. Os
passageiros eram os Anjos Cinzentos, que não subiram na balança, mas cada um
começou a puxar um Anjo Escuro para fora dela. O lado positivo da balança
cresceu quase igualando com o peso do lado negativo. Josef notou que não
haveria Anjos Cinzentos suficientes para neutralizar todos os Anjos Escuros.
Desesperado olhou para os céus e gritou: “Por favor!
Mande-me mais dor e sofrimento”.
Exatamente neste instante a esposa do Rabi Sharabi o
acordou, pois o rabino poderia atendê-lo. Josef humildemente agradeceu dizendo
não ser mais necessário a consulta, pois já se sentia bem melhor.
E voltou para a sua cidade, suas dores da gota, para seu
filho e seu negócio que estava cada dia pior.
Compreendeu que ‘o destino do indivíduo é modelado pela soma
dos atos bons e maus que exerceu nesta vida e nas precedentes. Como fios
invisíveis que tecessem o destino, as boas ações são propícias à realização
espiritual, enquanto as más são obstáculos’-Javier Moro (As montanhas de Buda).
E como nos ensinam os Mestres ‘é no nosso próprio âmago que
se situa a fonte do nosso bem-estar’ Serge Toussaint, estudante rosacruz, e
onde também erradamente podemos pelo livre-arbítrio tomar um rumo totalmente
contrário.
(publiquei no jornal "Tá na Mão" em meados de julho de 2011)
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