sexta-feira, 27 de abril de 2012




Saudade

Quando abri a porta do escritório
Sobre a mesa se iluminou
Uma gravura perdida junto às canetas
E uma montanha de papéis que voou,
Que me chamou atenção.
 E estava eu novamente perdido
Entre a porta do coração,
E a do escritório,
No ar podia sentir
Uma saudade indescritível.

Sobre a mesa iluminada
Repousava uma antiga foto
Esquecida, perdida
Quase sem cores, avermelhada
Cor do sangue, do sol,
Das esquisitices da vida
E do esquecimento total
Alienado do qual nada
Se espera só separa,
Uma foto de velhos amigos
E antigas memórias
Presentes no agora. 
Voltei, fechei a porta
Indo direto para a rua

Deixando para trás um tormento
Que assolou o meu mundo
Em um segundo
Naquele determinado momento.

Esse negócio de saudade
Dói e nos cobra, às vezes
De maneira absurda,
Sem nos dar direito a nenhuma defesa,
Age de maneira ilegal pela lei
Mas legal por ser coisa do coração
Porque somos relapsos nos compromissos
Negligentes por pura vontade
De querer esquecer.
E não tem como, a foto está lá.

(do livro Catavento - Celso Antonio dos Santos)

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