sexta-feira, 27 de janeiro de 2012




Mandalas e a Impermanência
                         Quando, no enlevo da contemplação observamos extasiados, o Grande Pintor do Universo pintando com infinitas variedades a Tela da Natureza, como a conduzir a nossa infantil admiração, sentimos que o Mestre dos Mestres está nos ensinando o caminho da evolução, ornamentando com insondáveis maravilhas” David F. Farias, estudante rosacruz.

E nas maravilhas da natureza encontramos inserida a Mandala que, revela por sua beleza, colorido e complexidade o ponto de ligação com o Divino. Através dos seus desenhos e de suas cores, somos induzidos às sensações que levam à concentração e à meditação.

Por ser uma representação geométrica da dinâmica relação entre o Homem e a Natureza, com a sua montagem o Cósmico ou a Energia da Criação se revela ao mesmo tempo em que, revelamos e fazemos a transformação do nosso ser interior.

A palavra mandala é originária do idioma sânscrito, cujo significado é circulo. Sua forma é simples, tendo a sua formação sempre a partir de um ponto central, um centro, simétrica, com pontos cardeais; se apresentam em imagens circulares, configurando um espaço sagrado. Universalmente a Mandala é o símbolo da totalidade, integração e harmonia.

Sua utilização na nossa vida abrange uma variedade de campos desde a decoração até no despertar místico-intelectual.

Carl Jung, psiquiatra suíço, a considerava ‘particularmente um círculo mágico’ e as utilizava para trabalhar com seus pacientes, ‘buscando nas diferentes figuras o significado e as explicações para os seus arquétipos da personalidade’ (Mirian Palmeira. Estudante rosacruz.).

A mandala obedece a Lei do Centro, um princípio básico na natureza. Onde o ‘centro é uma fonte de poder e energia, sabedoria e vida’ (Loretta C. Williams, estudante rosacruz.), e esse fluxo de energia é constante e sempre se renovando. Em todas as coisas e seres existe esse centro, de onde a vida se manifesta e se irradia para o exterior em formas criativas e belas, depois para ela retorna.

Não se sabe precisamente quando surgiu. Ela foi usada por todos os povos da antiguidade, não podendo se fixar uma data para o seu aparecimento, nem mesmo prever a sua origem. Dizem que as mandalas são tão antigas quanto à humanidade e que, se tornou ‘uma linguagem universal que unifica os seres numa só fraternidade’ (Loretta), se encontrando dentre os símbolos considerados universais, como a cruz, a pirâmide, o pentagrama etc.

Olhos bem treinados conseguem enxergar mandalas ao seu redor, na natureza e nas coisas criadas pelo homem. Estão presentes nos desenhos dos fogos de artifícios, nas flores, nas células, nos nossos olhos, na teia da aranha, no corpo humano e no universo afora.

O homem, co-Criador do nosso mundo, em muitas das suas obras às fez se manifestarem e estarem presentes: estão nas janelas de vidros coloridos das catedrais góticas, nas arquiteturas circulares dos templos e mesquitas, nas tendas dos índios e sua distribuição em círculo formando a aldeia, na estrela de Davi, nas pirâmides etc. Em diversas catedrais as mandalas foram utilizadas para criarem um ambiente sagrado e especial. Diversos templos usam a geometria sagrada e a forma circular, em suas construções e assim, estabelecem uma aura protetora e exclusiva para o lugar. 

Uma imaginação desenvolvida, mais um pouco de paciência consegue-se desenhar no papel belas imagens multicoloridas de diversas formas. As mandalas podem ser modeladas em madeira ou gesso, dançadas (as danças circulares) e os mais afortunados podem tê-las em seus sonhos.

Dizemos que a energia emanada do centro da mandala é constante e sempre se renova. Assim como Deus recria o universo a todo instante reinventado as suas criaturas, nos diz que nada é para sempre ou eterno. O mundo que conhecemos, do qual somos parte, obedece a ciclos que, como os círculos se iniciam e se fecham e novamente se iniciam e se findam em uma sucessão cíclica. A natureza é o exemplo clássico, as estações nas quais a vida vegetal ritualisticamente se comporta, se desenvolvendo, reproduzindo, adormecendo e renascendo a cada ano.

Dá-se a esse estado de mudanças no nosso mundo, o nome de Impermanência das coisas.

Os monges tibetanos demonstram a muito bem a impermanência com seus ensinamentos. Exímios criadores de mandalas feitas com areias coloridas, desenhadas no chão que, pacientemente as elaboram exuberantes, nelas trabalham ritualisticamente com amor, com atenção redobrada, com muito cuidado e muito esforço durante um longo tempo meditativo. Tradicionalmente elas são destruídas depois de prontas e a areia é jogada em um rio para que as bênçãos se espalhem. A mandala é desfeita em uma cerimônia para demonstrar a Lei Divina da Impermanência, de que nada permanece e tudo muda a todo instante. Tal procedimento também simboliza uma grande virtude que, devemos cultivar: o desapego às coisas que achamos nos pertencer sem levar em conta a nossa transitoriedade.

“Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiúra, a juventude transforma-se em velhice e o erro transforma-se em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente”, S.S. Dalai Lama, e nos dá um exemplo “Certas pessoas doces e atraentes, fortes e saudáveis, morrem muito jovens. São mestras do disfarce ensinando-nos sobre a impermanência”.

Como sugestão, digo que colorir mandalas envolve você em um sutil e harmonioso equilíbrio. O encontro com as cores, a expressão dos números, formas e símbolos mágicos e sagrados, levam você ao natural encontro com você mesmo, num mergulho silencioso e mágico. É uma atividade prática que favorece a reflexão, a criatividade, a intuição e a expressão artística pessoal.

Lembre-se, não procure muitas explicações, toda mandala é uma viagem ao desconhecido.

(texto publicado em maio de 2011, no jornal 'Tá na Mão' - Fernandópolis -SP)



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